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Paisagem Sonora e Método

Método Senso perceptivo – entendimento das sensações, desenvolvimento sensorial e reação

O método de ensino senso perceptivo, envolve três sistemas:
Interoceptivo - transmite a estimulação de órgãos internos ou sistemas internos.
Proprioceptivo - transmite a estimulação dos músculos, articulações e tendões.
Exteroceptivo - está basicamente envolvido no ver, ouvir, degustar, cheirar e sentir as coisas do mundo.

1. Interoceptivo – A música pode atuar sobre o metabolismo. Diz Carvalhal Ribas que a maioria dos autores é de opinião que a ação física da música sobre as funções orgânicas deve depender da sua repercussão no encéfalo e deste ao sistema nervoso vegetativo que superintende a atividade dos diversos órgãos.

2. Proprioceptivo – Sobre a influência da música na energia muscular, Tarchanoff fez avaliações dessa energia, através do ergógrafo de Mosso, verificando que melodias alegres, de andamento rápido e em tonalidade maior, determinavam aumento da força muscular chegando, às vezes, a produzir estados de “embriaguez motora”, ao passo que músicas tristes e lentas, e em tonalidade menor, determinavam diminuição dessa força, a ponto da atividade muscular cessar completamente quando os músculos já estavam fatigados pelo trabalho precedente. 

3. Exteroceptivo – A frequência ou altura, a intensidade e o timbre são elementos inerentes ao som e, como são considerados substâncias acústicas, não necessitam ser interpretados pelas funções superiores do cérebro, uma vez que não possuem significado simbólico. A estes três elementos, os animais também reacionam. O médico Dr. Ira Altshuler (1941) chama a este fenômeno de “reflexos talâmicos”. Os outros elementos – intervalos e duração – dão forma e expressividade à música e são produzidos pelas relações entre os sons, principalmente o ritmo, a melodia e a harmonia.

Percepção auditiva e Ritmo

Carlos Fregtman chama a atenção para o caráter vibracional do Universo. Desde as nossas menores partículas ao macrocosmo, somos vibração nos interligando através de um conjunto de pulsações, que se harmonizam através dos princípios de expansão e contração que regem a vida.
Assim, o estímulo sonoro em sensopercepção, contribui também para harmonizar ritmos internos e externos.

Segundo Fregtman, este trabalho possui uma grande importância, pois “uma das funções do ritmo em nosso organismo é a integração das distintas partes e de sua harmonização com os pulsos exteriores”.
O compositor e educador canadense Murray Shafer participou de um estudo multidisciplinar, em Vancouver, em que como proposta de educação musical, se inclui a “limpeza de ouvidos”. Ele percebeu que grande parte das pessoas não percebe os sons do próprio ambiente, nem sua própria interferência sonora neste ambiente. Shafer, então, propõe aos alunos exercícios que ampliem a percepção sobre a exploração de um som, percepção de timbre, amplitude do som, o movimento melódico, textura e ritmo, convergindo, então, para a percepção de uma “paisagem sonora”.

Comportamentos organísmico Gestalt: cognitivo – sensório afetivo - motor

1. Cognitivo: percepção – conhecimento – conexões (exteroceptivo) 
2. Sensório afetivo: emoção – sensação – fluidez (interoceptivo)
3. Motor: mobilização – ação – interação (proprioceptivo)

  • Cognitivo

Percepção: ouvir/reconhecer
Conhecimento: memória
Conexões: associações

  • Sensório afetivo

Emoção: diferenças
Sensação: motivação
Fluidez: dinâmica 

  • Motor

Mobilização: energia
Ação: respostas
Interação: configurações

Tópicos musicais para o desenvolvimento das Paisagens sonoras

Os elementos fundamentais de qualquer som são a intensidade, a altura, o contorno, a duração (ou ritmo), o andamento, o timbre, a localização espacial e a reverberação. Nosso cérebro organiza esses elementos em conceitos do mais alto nível – exatamente como um pintor dispõe as linhas em formas – entre os quais estão a métrica, a harmonia e a melodia. Quando ouvimos música, estamos, na realidade, percebendo múltiplos atributos ou “dimensões”.

1. A Intensidade é um conceito puramente psicológico relacionado (de maneira não linear e de formas ainda não muito muito bem compreendidas) à amplitude física de um som.

2. A altura é um conceito puramente psicológico, relacionado ao mesmo tempo à frequência de determinado tom e à sua posição na escala musical. Tal conceito responde à pergunta: “Que nota é essa?” (“Dó sustenido”).

3. O contorno remete ao delineamento de uma melodia, levando em conta apenas o padrão “para cima” e “para baixo” (para saber se uma nota sobe o desce, e não em que medida o faz).

4. A duração ou ritmo diz respeito à duração de uma série de notas, assim como à maneira como se agrupam em unidades. Por exemplo, na “Canção do alfabeto”, também conhecida como “Twinkle, twinkle, little star”, as notas são equivalentes em duração nas letras A B C D E F G H I J (com uma pausa de igual duração entre G e H), a as quatro letras seguintes são cantadas com metade da duração, ou duas vezes mais rápido L M N O.

5. O andamento refere-se à velocidade global da peça.

6. O timbre é o que  distingue um instrumento do outro – por exemplo, o trompete do piano – quando ambos tocam a mesma nota. É uma espécie de colorido tonal gerado em parte pelos sons harmônicas das vibrações do instrumento.

7. A localização espacial diz respeito ao lugar de onde vem o som.

8. A reverberação refere-se à percepção da distância entre a fonte sonora e o receptor; muitas vezes chamada de “eco”.

Esses atributos são separáveis. Cada um deles pode ser variado sem alterar os demais. Quando esses elementos se combinam, estabelecendo relações significativas, dão origem a conceitos mais elevados, como a métrica, a tonalidade, a melodia e a harmonia.

1. A métrica é criada por nosso cérebro por meios da extração de informações do ritmo e do volume e se refere à maneira como as notas são agrupadas no tempo. A métrica de uma valsa organiza os sons em grupos de três; a de uma marcha, em grupos de dois ou quatro.

2. A tonalidade refere-se à hierarquia entre as notas numa peça musical; essa hierarquia não existe no mundo real, apenas em nossa mente, em função de experiências com estilos e idiomas musicais, e com esquemas mentais que todos desenvolvemos para entender a música.

3. A melodia é o tema principal de uma peça musical, a parte que acompanhamos cantando, a sucessão de notas que mais se destacam em nossa mente. O conceito de melodia é diferente de acordo com o gênero. No rock, em geral temos uma melodia para os versos e outra para o coro, sendo os versos diferenciados por uma mudança na letra e às vezes na instrumentação. Na música clássica, a melodia é o ponto de partida para que o compositor crie variações sobre esse tema, que pode ser usado de diferentes formas em toda a peça.

4. A harmonia é o conjunto de relações entre a altura de diferentes notas e os contextos tonais que, estabelecidos por essa altura, geram expectativas quanto ao que virá em seguida numa peça musical – expectativas que um compositor habilidoso pode atender ou ignorar, com objetivos artísticos e expressivos. A harmonia pode significar simplesmente uma melodia paralela à principal (como acontece quando dois cantores harmonizam) ou referir-se a uma progressão de acordes – os grupos de notas que formam um contexto e um plano de fundo sobre o qual repousa a melodia.

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