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Uma batucada quase brasileira

Atualizado: 18 de mai. de 2019


O pandeiro, por exemplo, existe desde o período neolítico, e é bastante conhecido e popular na Ásia, África e Europa.

Em primeiro lugar, se a música não fosse adaptativa, seus amantes estariam de alguma forma em desvantagem do ponto de vista evolutivo ou da sobrevivência. Além disso, ela não teria durado muito tempo. Qualquer atividade de baixo valor adaptativo não tem grande probabilidade de ser praticada durante muito tempo na história da espécie ou de ocupar uma parte significativa do tempo e da energia de um indivíduo.


Os indícios de que dispomos indicam que a música não pode ser apenas um cheesecake

auditivo; ela está presente há muito tempo na história de nossa espécie. Os instrumentos musicais encontram-se entre os mais antigos artefatos de fabricação humana de que temos notícia. Um bom exemplo é a flauta de osso eslovena, datada de cinquenta mil anos atrás e feita com fêmur de um urso europeu hoje extinto. Na história de nossa espécie, a música é anterior à agricultura. Podemos afirmar, sem medo de errar, que não exitem provas tangíveis de que a linguagem tenha antecedido a música. Na verdade, é precisamente o contrário que sugerem as provas materiais.


A música certamente é mais antiga que a flauta de osso de cinquenta mil anos, pois é improvável que as flautas tenham sido os primeiros instrumentos. O mais provável é que diferentes instrumentos de percussão, entre eles tambores e chocalhos, já fossem usados milhares de anos antes das flautas - é que o constatamos nas sociedades contemporâneas de caçadores-coletores, assim como nos registros de invasores europeus sobre o que encontram nas culturas americanas nativas. Os registros arqueológicos mostram um histórico ininterrupto de criação musical onde quer que houvesse seres humanos, em todas as eras.


Daniel J. Levitin

Músico e Neurocientista

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