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tocar percussão e teoria da evolução

Atualizado: 2 de jul. de 2019


Existe uma estreita vinculação, na história evolutiva, das emoções à motivação - para nossos antepassados hominídeos, as emoções eram um estado neuroquímico motivador da ação, geralmente com fins ligados à sobrevivência.


Muitas das atividades emocionais importantes, levam a movimentos motores, e correr é uma das que podem ser consideradas primordiais. Podemos correr mais rapidamente e com eficiência muito maior se o fizermos num ritmo regular: teremos menor probabilidade de tropeçar ou perder o equilíbrio. Nesse ponto, o papel do cerebelo é claro. E a ideia de que as emoções podem estar vinculadas aos neurônios cerebelares também faz sentido. As atividades mais cruciais para a sobrevivência frequentemente envolvem o ato de correr - para fugir de um predador ou alcançar uma presa em fuga -, e nossos antepassados precisavam reagir com rapidez, instantaneamente, sem analisar a situação ou estudar a melhor forma de agir.


Em suma, nossos antepassados eram dotados de um sistema emocional diretamente ligado ao sistema motor e podiam reagir com mais rapidez, o que lhes permitia sobreviver e se reproduzir, transmitindo esses genes à próxima geração.


O cerebelo é fundamental em certos elementos da emoção: alerta, medo, raiva, calma, instinto gregário. Constata-se agora que também está implicado no processamento auditivo.


A música recorre a estruturas cerebrais primitivas envolvidas com a motivação, a gratificação e a emoção. Seja no caso dos primeiros toques de chocalho em "Honky Tonk Women" ou das notas iniciais de "Sheherazade", os sistemas de computação do cérebro sincronizam os osciladores neurais com a pulsação da música, começando a prever quando ocorrerá o próximo acento forte. À medida que a música avança, o cérebro constantemente atualiza as estimativas sobre quando deverão ocorrer novos acentos, extraindo satisfação da convergência entre um acento mental e um real e deliciando-se quando um músico mais hábil rompe essa expectativa de uma forma interessante - numa espécie de pilhéria musical da qual todos participamos.


Daniel J. Levitin

Músico e Neurocientista

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