Comparando a versão de "A Foggy Day" cantada por Frank Sinatra com a Ella Fitzgerald e Louis Armstrong, percebemos que certos ritmos e alturas variam; esperamos que um bom vocalista interprete a melodia, ainda que isso signifique alterá-la em relação à maneira como foi composta. Nas cortes europeias da época barroca e iluminista, músicos como Bach e Haydn costumavam executar variações sobre temas.
O que aprendemos com Ben White e os trabalhos posteriormente realizados por Jay Dowling, da Universidade do Texas, e outros é que a música se mostra bastante robusta frente às deformações e distorções de suas características básicas.
Podemos mudar todas as alturas empregadas na canção (transposição), o andamento e a instrumentação, e ainda assim ela continuará sendo reconhecida. Podemos mudar os intervalos, as escalas e até a tonalidade, do modo maior para menor ou vice-versa. Podemos mudar o arranjo.
Tudo indica, portanto, que nosso sistema mnemônico extrai alguma fórmula ou descrição computacional que nos permite reconhecer as canções apesar dessas transformações. Ao que parece, o relato construtivista é o que mais se adéqua aos dados musicais pelo conceito de categorização.
A categorização é uma capacidade de tratar objetos que parecem diferentes como pertencendo à mesma espécie - padrão.
Daniel J. Levitin
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