Dorival Caymmi - a história de sua vida nos inspira a fazer as pazes com o tempo
Atualizado: 29 de mai. de 2019
Dizem que existem na Bahia três ritmos: o lento, o muito lento e o Dorival Caymmi - um tempo devagar quase parando, quase meditativo, sem ansiedade.
Quem popularizou essa piadinha sobre o compositor (e que ajudou a criar a imagem brejeira dos baianos) foi o escritor Rubem Braga, que admirava a calma do amigo.
Junte essa calma a um temperamento sereno e pacífico, ponha uma pitada de músicas com letras levas e sossegadas, produzidas vagarosamente ao longo de 60 anos de carreira, e pronto: está feita uma fama de preguiçoso. Mas de preguiçoso ele não tinha nada.
Tinha é cuidado. Suas canções surgiam de uma inspiração repentina, que ele ia lapidando devagarinho. "Sempre fiz o que meu coração ditava. Compunha apenas quando pintava alguma coisa poética na minha cabeça", Por isso a economia de sua produção musical, de pouco mais de 100 composições. Em lugar de volume, Caymmi produziu obras-primas, de qualidade artesanal.
E não passou a maior parte da sua vida no vaivém da rede, como sugerem as letras das músicas que escreveu. O baiano teve a vida apimentada de um grande artista popular: trabalhou muito, teve programas de rádio e TV, além de uma agenda de shows exaustiva. No entanto, não sabia o que era estresse.
Seu segredo?
Caymmi não tinha pressa. E esbanjava paciência.
"Respeito o tempo das coisas e sei ele tudo cura", afirmava.
Um dos mitos da música brasileira nos conta, através de sua história de vida, como fez amizade com esse nosso inimigo número 1, o relógio. Com toda a calma do mundo.
Marcia Bindo - Revista Vida Simples