
O conceito de mundo deverá ser, necessariamente, abrangente, nada deve ficar de fora, porque, quando o fora se torna regra, quem padece é a totalidade ferida. Temos, então, de pensar em uma totalidade em ação, uma totalidade viva.
O jeito é sair do planeta Terra e ir buscar uma solução em uma concepção mais ampla, a de Universo, de Cosmo. Nesse contexto, o mundo não seria o nosso mundo, mas o mundo dos infinitos tempos e espaços que nos circundam. Seríamos alçados a uma visão quase contemplativa e, assim, não seríamos mais da Terra, mas do Cosmo, do Universo.
Falo do Universo como a totalidade das coisas existentes, do mundo como uma estrutura em permanente funcionamento, com uma inteligência interna à procura de uma finalização ordenada, criadora. O mundo feito de subtotalidades, em absoluta harmonia cósmica e matemática, como uma ordem imutável, não no sentido de um determinismo cósmico, mas como uma força que se ordena sempre no sentido de uma finalização, cada vez mais perfeita.
O mundo como ordem e não como caos, como um sistema ordenado em funcionamento. Ordenado, mas não determinado, porque, se olharmos a multiplicidade criada, que está em funcionamento, no universo, só nos resta dizer que o Universo, como um ente vivo, tem, na liberdade de ação, sua mais alta definição.
O mundo do qual estou falando é o Universo como totalidade absoluta e, nesse contexto, é o Universo que está em questão, não mais o planeta Terra. Se víssemos o mundo dessa maneira, nossa relação cresceria enormemente, seríamos, além de guardiões, amigos do nosso planeta, guardiões da ordem do Universo que, agora, se constitui no que chamo de conceito de mundo.
Pertencemos, de verdade, ao Universo, embora locados no planeta Terra.
Jorge Ponciano Ribeiro